Judá experimentou uma terrível seca no período do profeta Jeremias, descrita no capítulo 14:2-6; a situação parece caótica. Os poderosos enviavam criados para buscar água, mas estes voltavam com seus cântaros vazios, afinal as cisternas estavam secas. Os campos não sentiam uma gota de água há muito tempo. Os lavradores estavam decepcionados.
Todavia, esta realidade de seca não era algo puramente climático.
Em Deuteronômio 28:23-24 e 48, entre as maldições da aliança aparece que se o povo não cumprisse com a aliança feita com DEUS a terra se tornaria em pó por falta de chuva. O povo passaria sede. A seca de Judá era reflexo de uma seca no relacionamento de sua aliança com DEUS.
Como diz Jeremias 2:13: “Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retém água.”
Aqui, a aliança é apresentada através da metáfora da fidelidade no casamento, pois este texto de Jeremias ecoa Provérbios 5:15-18 onde é dito: “Bebe a água da própria cisterna e das correntes do teu poço. Derramar-se-iam por fora as tuas fontes, e, pelas praças, os ribeiros de água? Sejam para ti somente e não para os estranhos contigo. Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade”.
No entanto, em Jeremias 14 vemos a solução. No verso 8, parte da primeira intercessão de Jeremias, DEUS é chamado de “Esperança de Israel”. Em Jeremias 17:13 DEUS também é chamado pelo mesmo título com um adendo: “o nome dos que se apartam será escrito no chão; porque abandonam o SENHOR, a fonte das águas vivas.”
Curiosamente, no texto de Jeremias a palavra esperança é a palavra hebraica מִקְוֶה (mikveh), que pode significar tanto “esperança” como “tanque/reservatório de água”.
A solução para a seca de Israel era buscar a fonte de águas vivas.
Em João 7, vemos algo similar. No último dia da Festa dos Tabernáculos, dia em que era retirada água do tanque de Siloé e levada aos pés do altar de sacrifício no templo, dia em que tanto os sacerdotes, os levitas e todo o povo acompanhavam este trajeto ao toque de trombetas e recitando Salmos 113-118, Jesus diz (versos 37-38): “Se alguém tiver sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.”
Aquele que bebe desta água, nunca mais terá sede. (João 4:14)