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“Vem agora, pois, e eu te enviarei…” Êxodo 3:10

Êxodo 3 narra o primeiro de muitos encontros entre Moisés e DEUS. Geograficamente, Moisés se encontra no monte Horebe/Sinai e DEUS lhe aparece do meio de um pequeno arbusto. Enquanto isto, no Egito, após centenas de anos, o povo se encontra em escravidão. O segundo capítulo de Êxodo termina com as seguintes palavras:

“E aconteceu, depois de muitos dias, que morrendo o rei do Egito, os filhos de Israel suspiraram por causa da servidão, e clamaram; e o seu clamor subiu a DEUS por causa de sua servidão. E ouviu DEUS o seu gemido, e lembrou-se DEUS da sua aliança com Abraão, com Isaque, e com Jacó; E viu DEUS os filhos de Israel, e atentou DEUS para a sua condição.”

Enquanto o português usa diversas palavras para descrever a atenção de DEUS para com a condição do povo, o Hebraico usa apenas duas: vayadah Elohim – “e  DEUS sabia”.  DEUS sabia.  DEUS sabe. E o fato de DEUS não descer de imediato para resolver o problema do povo com poder e grandes manifestações torna o capítulo 3 ainda mais crucial.

Qual seria o método, o plano, a tática divina para libertar o povo? Moisés, privilegiado, se encontra com aquELE que conhecia o sofrimento do povo, com aquELE que estava prestes a resolver o problema: mas o plano divino, quando revelado, se mostra, no mínimo, anticlimático.

Êxodo 3:7, 8 e 10 narra o episódio:

“Certamente vi a aflição do meu povo que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores, conheço-lhe o sofrimento… por isso desci… vem, agora, e eu te enviarei.”

Quatro verbos são ligados a DEUS: ELE vê, ouve, conhece, e desce. Quando Moisés pensa que DEUS irá revelar um plano detalhado sobre como o povo sairia do Egito, DEUS vira para Moisés e diz: “EU desci, agora EU te enviarei!”

Além do pedido explícito para Moisés “descer” ao Egito, o texto indica esta parceria entre DEUS e homem pela repetição do verbo “ver”. DEUS viu o povo, Ele Moisés, e Moisés, a principio, é compelido a ver a sarça que, semelhantemente ao povo, arde debaixo da opressão no Egito, mas não se consome. DEUS  o povo e Moisés a sarça, tanto povo como sarça ardem com o fogo mas não se consomem. DEUS e homem, unidos na identificação e na resolução do problema.

Desde a criação do ser humano, DEUS deseja trabalhar/criar/agir em parceria com Sua criação. Um dos textos anteriores aqui na Terceira Margem do Rio fez referência a esta parceria em termos de imitatio Dei. Por sermos criados à imagem de DEUS (imago Dei) carregamos a responsabilidade de imitá-lO (imitatio Dei). Quando Deus aparece para Moisés, Ele não aparece apenas para dizer que vai resolver o problema, mas que o problema será resolvido em parceria com a humanidade.

Se pararmos para pensar, a história de Israel também pode ser vista por esta ótica: DEUS, através das estipulações da aliança, deseja alcançar o mundo em parceria com Israel, e Israel repetidamente não vive à altura desta responsabilidade, prefere quebrar a aliança e viver distante do DEUS da aliança.

Por este e muitos outros motivos, a vinda do homem-DEUS Jesus alcança o objetivo original de DEUS: uma parceria intacta entre DEUS e o homem. Jesus desce como DEUS, como homem, como um novo e melhor Moisés, para libertar o Seu povo da Escravidão do pecado.