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Israel havia acabado de sair do Egito. Presenciara milagres constantes recentemente: pragas que caíram sobre seus opressores e não sobre eles, o fim da escravidão e a liberdade, uma nuvem que os seguia durante o dia e uma coluna de fogo à noite, a abertura do Mar Vermelho, águas amargas tornando-se doces, o maná que caía do céu, água saindo da rocha, entre outras coisas; não houve economia de manifestações divinas sobrenaturais.

Acampado na região do Sinai Israel recebe a ordem de se preparar para encontrar DEUS. Deveriam se purificar porque ELE lhes dirigiria a palavra. Três dias de consagração. No terceiro dia, no alvorecer, trovões, relâmpagos, nuvem escura, e barulho marcaram a iniciativa divina de iniciar a comunicação com Seu povo. Moisés os guiou até o pé de determinado monte (Êxodo 19). Depois de todas estas manifestações sensoriais, DEUS inicia Sua fala com o Decálogo (Êxodo 20:2-17).

A intensa e poderosa manifestação divina gera uma reação: “E todo o povo viu os trovões, e os relâmpagos, e o som da trombeta, e o monte fumegante, e temeram e tremeram e permaneceram de pé longe” (Êxodo 20:18). Israel teme. Israel treme. Estão diante de DEUS. Estão diante de algo/alguém maior que eles. Sentem sua pequenez. Sentem sua limitação. Mas mais do que a percepção de si, Israel tem a percepção exata de com quem estavam lidando. Sentem a Sua grandeza. Sentem a Sua ilimitação. Antes mesmo de ouvirem a palavra daquEle que é, daquEle que era e daquEle que sempre há de ser, Israel teme e treme.

Abraham Joshua Heschel fala de três pontos que nos levam a DEUS: sentir a presença dEle no mundo natural, nas coisas; sentir a presença dEle em Sua Palavra; sentir a presença dEle nas ações sagradas. E na experiência do Sinai, tudo isto está presente. DEUS se manifesta na natureza e fala, fazendo manifesto Seu poder e Sua vontade. E Israel responde com ação: “Tudo o que falou DEUS, faremos e obedeceremos” (Êxodo 24:7). Os sentidos, quase todos estimulados pela manifestação de DEUS, levam ao temor e tremor. No temor e no tremor é que Sua Palavra se faz ouvir. E a resposta é: obediência.

O caminho continua sendo este.

E é aqui que não somente a contemplação da natureza e seu esplendor, mas a apreciação da arte de maneira geral encontra seu lugar: causar temor e tremor; causar espanto e reflexão. O assombro do belo, o assombro do grandioso produz maravilhamento. Faz-nos sentir nossa pequenez. Faz-nos sentir nossa limitação. Ao mesmo tempo, faz-nos sentir que há algo mais… que há algo além. Ellen White diz: “Como o autor de toda beleza, sendo Ele próprio amante do belo, DEUS proveu o necessário para satisfazer em Seus filhos o amor do belo.”

O que contemplo de Suas manifestações –naturais ou artísticas– precisa me conduzir à Sua Palavra.

E da experiência do encontro destes dois elementos –o belo/grandioso e a Palavra– virá como resposta: ação. Ação de obediência.